Embora a temática das relações étnico raciais na educação estejam inseridas em minhas práticas pedagógicas diárias, a partir de mediações diretas, críticas e reflexivas diante de qualquer conflitos, principalmente dos de cunho discriminatórios e racistas, sob a preocupação de ter livros de literatura infanto-juvenil que contemplem histórias de África e de personagens afrodescentes, trazendo aos encontros personalidades negras que se destacaram na sociedade brasileira, utilizando os vídeos Herois de todo mundo do material pedagógico do projeto "A cor da Cultura", tenho a imensa alegria em poder festejar com louvor a semana da Consciência Negra no Projeto Social que trabalho.
Este ano com a parceria de Riva's Produções e da maravilhosa participação voluntária de D. Rivanilda, tivemos a oportunidade de trazer um pedaço da África para Manguinhos.
Promovemos 4 dias de atividades direcionadas as questões raciais, e uma delas foi o Desfile Fashion Afro.
Fizemos questão de trabalhar tirando em absoluto qualquer tom folclórico da atividade.
Durante 2 meses trabalhamos com a temática Diversidade com foco na Lei 10.639/03 (que estabelece obrigatoriedade do ensino da História da África e da História e Cultura Afro-brasileira nas escolas da rede pública e particulares), e com isso trouxemos a África a partir da Etnia Ndebele, situando-a geograficamente na África do Sul com a utilização de mapas, favorecendo a apresentação da geografia do continente como um todo possibilitando explorar outros países tão falados e poucos reconhecidos como africanos como Madagascar, Egito e Marrocos, falamos de cultura, costumes, diferenças, valores e descobrimos como tudo isso faz parte de nós, de nossa essencia cultural brasileira.
Cada vestimenta tem sua história e seus porquês, e no dia de experimentá-las os jovens matavam suas curiosidades a cerca de cada peça que "descobriam". Uns achavam estranhas, outros exóticas, mais a maioria estava curtindo a novidade e a possibilidade de representar um país. Para tudo isso contamos com a disponibilidade de D. Rivanilda que além de disponibilizar as roupas ainda ficou a frente de uma dança afro com músicas brasileiras, envolvendo todo o grupo que participou da atividade.
Cada jovem foi representante de um país africano e durante o desfile o público escutava a narração de algumas características geográficas e culturais daquela Nação.
Nesta data tivemos a presença de um padre Congolês que falou algumas palavras sobre o evento, agradecendo o bonito trabalho que divulga essa África ainda tão desconhecida por nós brasileiros.
Considero o evento muito positivo, embora o tempo limitou que pudéssemos explorar ainda mais nossa Mãe África!!! Embora penso que, se não damos conta de desenvolver um trabalho que abrace toda diversidade cultural do nosso Brasil, seria muita pretenção querer trazer à luz todo um continente e suas africanidades!!!
Espero ter colaborado com mais uma possibilidade de atividade que promova cidadania aos afrodescendentes a partir da compreensão, respeito e valorização da história de seus antepassados, negada sistematicamente em nossos currículos escolares, favorecendo a positivação de identidades e alimentando auto-estimas de maneira saudável. Assim como os alunos não-negros que tem a possibilidade de perceber-se mestiço, herdeiro dessa Mãe África e pertencentes a uma sociedade brasileira que luta para a queda das hierarquias raciais.
Abraço a todos!